segunda-feira, 2 de março de 2020

Escrito há muito tempo...

( Teve como referência uma fotografia: mãos a preto e branco)



Pela tua mão
Mergulhei num turbilhão de emoções aceleradas
Rasguei nuvens e planei por locais nunca explorados.
Fui gigante num reino nosso, onde tudo era possível.
E sonhei, como sonhei!

Pela tua mão
Fui fêmea arrebatada
Paixão descontrolada
Oceano profundo cheio de vida.
E amei, como amei!

Na tua mão
Havia o encantamento da surpresa,
O brilho da verdade absoluta,
O nada que era tudo..
Em mim.

Na tua mão
Nasciam fontes que saciavam,
Barcos à vela que navegavam,
Na certeza do futuro incerto...
Em ti.

Mas a tua mão partiu.
Restou-me o vazio das minhas.
O frio da pele num corpo onde tudo jaz.
A inércia do que antes foi pulsar, jorro de vida.
Foste. Fomos.
Deixaste o suave sopro de ar entre os dedos
E a escuridão.


Rosa Cruz

Sem comentários: